Tiros nas fronteiras da RAS

Tiros – Dezenas de milhares de imigrantes dos países vizinhos que vivem e trabalham na África do Sul regressaram aos seus países de origem para passarem as festas do Natal e do final do ano de 2017.

A maior parte viajou na véspera nas festas do Natal para Moçambique, Zimbabwe, Lesotho, Botswana e Suazilândia.

Nas fronteiras do Lebombo/Ressano Garcia entre África do Sul e Moçambique e do Beitbridge/Mesina entre África do Sul e Zimbabwe os viajantes perderam a paciência com a morosidade registada na tramitação dos documentos de viagem e de carga.

As filas são muito longas debaixo do sol escaldante. Frustrados com a demora nas longas filas, os pacientes rebelaram-se exigindo a abertura das fronteiras para a passagem e do abandono de papéis que “enlouqueceram Manua” – como escreve Ungulani Va Ka Khosa na sua obra literária Ualalapi.

No posto da migração do KM-7 da fronteira de Lebombo os agentes da polícia sul-africana perderam o controlo da multidão frustrada dos viajantes que tinham formado filas com mais de dois quilómetros. Os pobres viajantes exigiram corta-mato ou seja que os oficiais da migração deixassem de usar o sistema informativo no controlo de documentos de viagem.

A confusão foi de tal ordem que as chefias da Polícia solicitaram reforços dos militares das Forças Armadas de Defesa Nacional da África do Sul (SANDF), para ajudarem na reposição da ordem e disciplina.

Sem rodeios, os militares das SANDF manipularam as armas de guerra no meio dos frustrados e os agentes da polícia deram tiros para o ar com balas de borracha no posto do KM-7.

Alguns agentes da Polícia disseram que estavam com ódio porque os moçambicanos tinham muita mercadoria e dinheiro adquiridos na África do Sul onde cerca de metade dos 55 milhões de habitantes são pobres e mais de nove milhões de jovens sem emprego.

O rancor do pobre acompanhou os desabafos dos agentes da Polícia com muita preocupação, porque o ódio manifestado por agentes de autoridade é diferente daquele do cidadão de rua. “Matlari Hasi” – armas em baixo. Esta situação dos polícias é grave para a segurança dos imigrantes africanos que vivem e trabalham na África do Sul.

THANGANI WA TIYANI

Rubrica semanal (das quartas-feiras, na versão PDF  do jornal Correio da manhã) “RANCOR DO POBRE”

Compartilhe o conhecimento
  •  
  •  
  •  
  •  
  •  
  •  
  •  
  •  

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *