550 anos de sofrimento

Há um aforismo popular segundo o qual “o escravo sonha algum dia escravizar os outros”. Este ditado tem-se visto em Moçambique de forma explícita e nua. 

Neste país, em 1498 vieram os colonos com as suas idiotices de espoliar as riquezas do povo e venderam as pessoas. Ou seja, o genro, em vez de ficar com a filha apenas, se meteu com a sogra.

Não só aproveitou o povo, como destruiu tudo. O povo com sequelas, a maioria dos moçambicanos aprendeu a implantar una governação de roubo e seguindo os ideais dos seus antigos colonizadores. Ou o colonizador se foi, e ficaram os colonos.

Os 500 anos passaram-se e agora estamos numa nova temporada, a maldição da Frelimo adormecendo nas casas do povo moçambicano. Para quando, Moçambique? O frelimismo é uma doença que castra a mente de quem se envolve com esta organização. Seria este um vírus de alta perigosidade? Ou o perigo foi instalado dentro dela?

O frelimismo é uma doença psicológica onde, ao atacar, o indivíduo vira insensível, nepotista, bajulador da primeira ordem, arrogante, intocável, desrespeitoso, aproveitador, desavergonhado, antissocial, corrupto e mentiroso. E o povo anda com as vistas vendadas como se de animal recém-parido se tratasse. 

Falamos sempre as mesmas coisas. Abertura da vista, luta pela democracia, luta pelo bem comum, defesa da Nação. Este país nunca foi da Frelimo e não pode assim ser visto. Este é o país dos moçambicanos. Talvez estejamos acostumados a sofrer, pois os 550 anos já criaram calos nas mãos e na alma.

Sofremos até para ter alguma refeição. Escola de qualidade. Saúde que ajude o povo. Sofremos e sofremos tanto. Comemos tipo pato e cão, agora queremos comer o próprio cão, dormir na lama e almoçar areia. A vida deixou de ter sentido, tudo se espera da Frelimo. 

Se na Idade Média as pessoas esperavam tudo de Deus, agora no século XXI em Moçambique as pessoas esperam tudo da Frelimo. A Frelimo é tudo sobre todos. É uma máscara branca numa pele negra. Um ovo castanho com gema preta.

Vivemos na incerteza e não sabemos se o amanhã nos pertencerá. Não sabemos se este país nos pertence. Parece que não é mais nosso. O marido é detonado pela esposa em frente às câmeras. Os filhos não confiam nos pais. Há um jogo de xadrez numa intenção do jogo de dominó. 

O que iremos fazer como país? Nas cidades as estradas estão sangrando de tanta cova. Agora não há diferença entre o campo e a cidade. Todos estamos a chupar. Os políticos não exercem a política, porém, elevaram e perpetuaram a sua ganância fundamentando os seus desejos acima dos interesses da nação. 

Não nos resta mais nada se não nos entregarmos como criminosos para uma possível encarcerarão. Os políticos que parecem sóbrios vivem fazendo contorcionismo verbal para capturar as mentes dos menos atentos. Para quando isso?

O povo moçambicano sendo tratado como animal sem dono. Como água do esgoto. Não pode falar, não pode lamentar, não pode criticar, não pode apontar erros, tudo é um silêncio fúnebre. Cada um onde está sentado teme a morte. Até quando?

Brevemente teremos eleições, que nos levarão a uma situação complicada e impensável. Perderemos muitos irmãos a partir do mês de Maio, pois o desejo de limpar os que falam é maior. Eles são uma ameaça ao regime. Uma pedra no sapato e um carro com tracção. 

Quer morramos ou vivamos, defender os interesses do povo é uma missão nobre. Quem tem medo da morte morre na mesma. Quem morre sem ter medo da morte tirará lição. Quem da lição tira a morte alcançará objectivos desejados. 

Embora estejamos na selva, há que acompanhar o chilrear ensurdecedor dos pássaros. Portanto, cada pássaro no seu ramo e cada ramo com o seu pássaro. Os 550 anos de sofrimento representam para os moçambicanos uma derrota inimaginável. Já perdemos a nossa independência política e estamos a viver no “Deus dará”. A independência económica nunca tivemos e desta não posso falar.

JÚNIOR RAFAEL OPUHA KHONLEKELA

Este artigo foi publicado foi publicado em primeira-mão na versão PDF do jornal Redactor, na sua edição de 16 de Abril de 2024, na rubrica OPINIÃO.

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