Ilusionismo eleitoral

Ilusionismo eleitoral – Os órgãos eleitorais – Comissão  Nacional de Eleições (CNE), o Secretariado Técnico de Administração Eleitoral (STAE) – e a frelimizada Polícia da República, PRM, tudo fizeram para evitar que o partido governamental, a Frelimo, caísse em queda livre e se quebrasse pelo resto do tempo.

A ser verdadeira a tabela estatística posta a circular nas redes sociais que confere que, nas eleições de 10 de Outubro, foram contabilizados 2.232.888 votos válidos (100%), dos quais o partido Frelimo obteve 1.160.008 votos (51.95%); o partido Renamo conseguiu 864.682 votos (38.72%); o MDM teve 189.915 votos (8.51%) e outros partidos receberam 18.883 votos (0.85%).

Subtraindo os pontos percentuais de votos atribuídos ao partido Frelimo do somatório dos votos da oposição, notamos que a diferença é de 3.78 pontos percentuais apenas. Ao fazermos esta análise,  temos de ter em conta todas as circunstâncias que ocorreram desde a campanha à votação para se aperceber de que a oposição poderia ter muito mais do aquilo que aqui se apresenta na tabela. Tirar conclusões precipitadas  a partir daqui nada pode ser enganador.

Se a Frelimo reduziu a frequência  de mandar largar cães-polícia para rasgarem a carne dos apoiantes da oposição, é verdade que as manobras encetadas pelo STAE para abortar a vitória da oposição multiplicaram-se muitas vezes e a presença de carros de assalto infundiu muito medo em eleitores.

A interferência da PRM foi crucial e determinante. A Frelimo manteve-se impune quando impedia a Renamo e MDM de fazerem campanha em Chibuto, Mandhlakazi e em Xai-Xai. A PRM e a procuradoria não levantaram a voz.

A força sem paralelo usada pela PRM, na Cidade de Tete, contra a Renamo, foi injustificada. Agredir daquela maneira a um parceiro estratégico da paz, é provocação.

Em Marromeu, a PRM roubou as urnas a fim de dar chance a Frelimo de virar os resultados a seu favor. O mesmo se pode dizer em Alto-Molócue e Gurué, Monapo e Dondo. Em Moatize, o cabeça-de-lista da Frelimo, Carlos Portimão,  um delinquente por tendência, agrediu o director distrital de eleições por este ter “desconseguido” falsificar os resultados.

O teatro que está a acontecer na autarquia da Cidade da Matola é deplorável e vergonhoso.

A Frelimo perdeu as eleições, porém,  está  a socorrer-se dos velhos truques para não sair do poder.

Igual ao que se passou em 1999 em que a Frelimo e Joaquim Chissano perderam as eleições, mas socorreram-se da  esperteza, com ajuda do Tribunal Supremo, ignoraram a Renamo e Afonso Dhlakama. A história  volta a repetir-se, embora em escala menor.

Se a regra fundamental da democracia é a prevalência da vontade do povo expressa nas urnas, então, Moçambique não é  um país democrático.

Os que perdem uma eleição, se estiverem no poder, valem-se do ilusionismo eleitoral, apoiam-se em  órgãos eleitorais e polícias, tornando, assim, as eleições  injustas, não transparentes, violentas e falsas.

É uma brincadeira de adultos para continuarem no poder sem grandes problemas perante o mundo.

Edwin Hounnou

Este artigo foi publicado em primeira mão na versão PDF do jornal Correio da manhã, edição de 25 de Outubro de 2018 na rubrica semanal MIRADORURO

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