A arma na bandeira moçambicana

Não diria que estou de volta, mas quero que juntos reflictamos. A arma na bandeira da nossa nação, o que ela faz? O que anuncia? O que defende? Não só a arma, como também o livro e a enxada. 

Quando vemos a enxada nos alegramos que se anuncia zero fome e muita produção, mas no terreno o povo sofre de fome e de toda a espécie de desnutrição existente no mundo. Crianças morrem devido à fome, mas a enxada está lá na bandeira simbolizando um país com muita produção, produtividade em que não faltam alimentos.

Aquela enxada traz-nos a esperança de que teremos momentos ou tivemos ou ainda estamos em momentos de fartura alimentar e que a nossa população goza de boa nutrição. Mas será que é isso? Os nossos concidadãos vivem e comem bem? Têm no mínimo algo para comer sem muito se preocuparem? Ou é apenas um símbolo cravar enxada numa bandeira para enganar quem cá não vive?

O livro? Sim, é o livro que liberta, que traz à consciência seres humanos e que obriga a luta pela liberdade. Aquele livro ali está a simbolizar o quê? Estudo? Academia? Ciência? Ou os moçambicanos são craques na leitura? Num país cujo símbolo é livro, há desenvolvimento, ciência pura, investimento em pesquisas, respeito pelo pensar diferente, audácia na abordagem dos assuntos do país. Mas aquele livro está a fazer o quê? 

E como está a nossa qualidade de ensino? Ou Moçambique é o melhor produtor ou fabricante de livros? Ou que temos muitos escritores em Moçambique? O que o livro está ali a fazer? Os académicos são respeitados? Conseguem debruçar as suas opiniões sem medo? Aplicam a ciência na sua íntegra? Não são cooptados? Será o livro a nossa marca registada? 

A arma, meus irmãos. Aquela arma é uma ameaça para todos nós. Quando a polícia usa excessivamente a arma, não a faz porque é ilegal, a bandeira instiga que a nossa ideologia é armada e que se deve usar o tempo todo a arma, pois é nosso estandarte, nosso escudo e nossa marca registada. Será que pedir que se remova a arma da bandeira seria pedir muito? Ou que se repensassem nos símbolos do país, estaríamos a contrariar alguma lei? Senhores deputados, mais do que mordomias, organizem o país e lutem junto do povo ou lado a lado com ele.

Muitos dizem que a roupa não define. Tudo bem. Todavia, em muitos casos identificamos os profissionais de saúde pela sua bata. Os agentes da polícia pelo seu uniforme, as prostitutas pelas suas vestes, os mecânicos pela roupa e quantidade de óleo de motor derramado nela. E não podíamos identificar um país violento que usa arma na sua bandeira? Angola usa catana e cortou a lua pelo meio, cortando assim a esperança do povo… aquele povo viverá mal até que se reponham os sonhos por meio da revolução sangrenta. 

Por cima dos instrumentos contundentes da nossa bandeira há uma estrela. Quem já dormiu num hotel de uma estrela sabe que não há nada lá dentro. Partilha o local com baratas e percevejos, comida sem qualidade e camas dançando de um lado para o outro. Hotel de una estrela existe? Entretanto, temos um país de uma estrela que diz estar em paz e em ascensão. Não se discute um país que tem tudo na sua bandeira e eu penso que os moçambicanos não gostam e nem querem interpretar o seu país para aceitarem o que se passa. Para viver bem, ou melhor, em um determinado lugar, há que entender a mensagem apelativa.

Na nossa bandeira há muitas mensagens e cabe a nós traduzirmos e descodificar sem desconfiança. Nós, moçambicanos, somos guiados pela violência? Na bandeira, a arma está acima da enxada e do livro, a enxada está acima do livro, ou seja, o estudo aqui não é primazia, mas a guerra, a violência, o uso da força e toda a espécie de intimidação. Não sou eu que falo isso, é a bandeira da nossa nação. 

Se abrirmos os olhos demais, teremos um Moçambique grande e engrandecido por nós. Se abrirmos pouco, teremos um país estuprado por outros e pilhado pelos mais espertos e se não abrirmos, venderemos o país a preço de banana. 

A comunicação visual é mais forte que a oral e escrita. “Fungulani matxo!Mutthukule maitho!

JÚNIOR RAFAEL

Este artigo foi publicado intitulado “Solidariedade social” foi publicado em primeira-mão na versão PDF do jornal Redactor, na sua edição de 29 de Novembro de 2023, na rubrica OPINIÃO.

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