Base Monetária

O dicionário diz que base é o suporte, algumas vezes principal, de algo. Daí que encontremos a base de um edifício. A base de uma cama. A base da estratégia comercial de uma empresa. Em suma, é o esteio fundamental de um bem.

            No sistema financeiro, no qual, como é sabido, o produto manuseado é de natureza monetária, encontramos também o alicerce deste bem que se chama Base Monetária.

            Neste caso, a Base Monetária é o volume de dinheiro criado pelo Banco Central em forma de: a) Papel; b) Moeda; c) Reservas bancárias em poder das entidades financeiras ou depositadas no Banco Central. É a oferta de dinheiro apenas na sua forma mais líquida. A partir da base monetária, o sistema bancário, através dos créditos concedidos, cria moeda escritural e, portanto, aumenta a oferta de moeda. Oferta de moeda é sinónimo de meios de pagamento. É o “stock” de moeda disponível para uso da colectividade – sector não bancário – a qualquer momento.

            Porque a Base Monetária é um organismo com vida e dinâmica próprias, ela está organizada em agregados monetários, que são as medidas quantitativas da oferta de moeda. Cada país classifica os seus agregados monetários, geralmente por ordem decrescente de liquidez (por exemplo, começa pela da moeda que trazemos nos bolsos, com as quais compramos bananas para as obrigações do tesouro, que as transaccionamos nos mercados de capitais – Bolsa de Valores). Desta feita, está internacionalmente convencionado que há cinco agregados monetários: M0, M1, M2, M3 e M4. E o que é que cada um destes agregados quer dizer:

  • M0 = Base Monetária Restrita = Moeda Emitida (papel-moeda e moeda metálica) + Reservas Bancárias (moeda em poder das entidades financeiras e seus depósitos no Banco Central);
  • M1 = Moeda em poder do público. Moeda emitida pelo Banco Central menos as Reservas Bancárias + Depósitos à Vista ou à Ordem. Não rende juros. É de liquidez imediata
  • M2 = M1 + Depósitos a Prazo (depósitos para investimentos, fundos de aplicação financeira e de rendimento fixo de curto prazo) + Títulos do Governo em poder do público
  • M3 = M2 + Depósitos de Poupança
  • M4 = M3 + Títulos Privados (Letras de Câmbio, ainda não temos em Moçambique).

Porque os bancos comerciais, através da actividade creditícia, na qual ocorre a acção do “multiplicador do crédito”, podem criar mais moeda e insuflá-la na economia, é tarefa do Banco Central, no acto da implementação da Política Monetária do País zelar pelo controle desta injecção de massa monetária na economia. Tenhamos presente que no cumprimento do seu múnus da implementação da Política Monetária do País, o Banco Central concretiza um dos seus objectivos principais que é o controle dos: a) preços; b) inflação; c) taxas de juros; d) taxas de câmbios. 

Esta preocupação primordial do Banco Central pretende evitar que a equação de Fischer se transforme em inequação. Esta transfiguração poderá trazer consequências nefastas na implementação da Política Monetária do País.

MV = PY               Equação de Fischer

Legendas:

  • M = Total de moeda em circulação
  • V = Velocidade de circulação da moeda
  • P = Nível de preços
  • Y = PIB Real 

ANTÓNIO MATABELE *

* Economista

Este artigo foi publicado em primeira-mão na versão PDF do jornal Redactor, na sua edição de 22 de Março de 2024, na rubrica de opinião denominada N’siripwiti – gato do mato.

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