Bilibiza atacada

Bilibiza – Um grupo armado atacou na noite desta quarta-feira esta histórica povoação e o respectivo instituto agrário, a única escola secundária técnica em Cabo Delgado, norte de Moçambique, gerida pela Fundação Aga Khan.

O ataque começou perto das 20:00 (18:00 TMG), a cerca 120 quilómetros a norte de Pemba, capital provincial.

Segundo os relatos de residentes em Bilibiza, ouviram-se tiros e a população começou a fugir para o mato, procurando refúgio para passar a noite, desconhecendo-se a dimensão dos prejuízos ou se há vítimas.

O pior não aconteceu porque o Instituto Agrário de Bilibiza encontra-se em período de férias lectivas e a perspectiva era de as aulas serem retomadas na próxima segunda-feira.

A instituição faz parte da Rede de Desenvolvimento Aga Khan (AKDN, sigla inglesa) na sequência de um acordo assinado com o Governo moçambicano em 2014 e tem estado a introduzir novas técnicas agrícolas, além de realizar projectos de infra-estruturas.

Ataques armados eclodiram em 2017 na província de Cabo Delgado, presumivelmente protagonizados por frequentadores de mesquitas consideradas tidos como “radicalizadas” por estrangeiros, segundo líderes islâmicos locais, que já tinham alertado antecipadamente para atritos crescentes.

Nunca houve uma reivindicação da autoria dos ataques, com exceção para comunicados do grupo ‘jihadista’ Estado Islâmico que, desde junho, tem vindo a chamar a si alguns deles, com alegadas fotografias das ações, mas cuja presença no terreno especialistas e autoridades consideram pouco credível.

Os ataques já provocaram pelo menos 350 mortos entre agressores, residentes e militares moçambicanos, além de deixar cerca de 60.000 afectados ou obrigados a abandonar as suas terras e locais de residência, de acordo com a mais recente revisão do plano global de ajuda humanitária a Moçambique das Nações Unidas.

A província de Cabo Delgado é aquela onde avançam as obras dos megaprojectos que daqui a quatro anos vão colocar Moçambique no ‘top 10′ dos produtores mundiais de gás natural e onde há algumas empresas e trabalhadores portugueses entre as dezenas de empreiteiros contratados pelos consórcios de petrolíferas.

A onda de violência começou na ponta norte da província, mas o ataque desta quarta-feira e outros localizam-se já na zona sul.

As forças de defesa e segurança moçambicanas têm estado no terreno, mas o Presidente da República, Filipe Nyusi, admitiu na semana passada que são necessários mais apoios para lidar com o problema.

“Precisamos de comparticipação porque é um problema multinacional, então, a sua solução não vai depender só de Moçambique”, referiu em Londres, no final da cimeira Reino Unido – África.

Segundo Nyusi, após encontros à margem da cimeira, “algumas empresas colocaram-se à disposição para dar o seu apoio, para permitir que esse assunto deixe de ser problema para o desenvolvimento de Moçambique”, concluiu.

 (Correio da manhã de Moçambique)

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