Funeral do arcebispo Tutu

Funeral do arcebispo – O funeral do arcebispo anglicano sul-africano Desmond Tutu, ícone da luta contra o regime do apartheid, vai realizar-se no próximo sábado na Catedral de São Jorge, a sua antiga paróquia na Cidade do Cabo, de acordo com fonte da sua fundação.

“Os preparativos para uma semana de luto estão na sua fase inicial”, disse fonte da fundação, através de uma declaração, acrescentando que “vários eventos foram confirmados para a próxima semana, que antecede o funeral do arcebispo, no sábado, 01 de Janeiro de 2022”.

Desmond Tutu, arcebispo emérito sul-africano e vencedor do Prémio Nobel da Paz de 1984 pelo seu activismo contra o regime de segregação racista do Apartheid, morreu domingo aos 90 anos.

O arcebispo anglicano estava debilitado há vários meses, durante os quais não falou em público, mas ainda cumprimentava os jornalistas que acompanhavam cada uma das suas saídas recentes, como quando foi tomar a sua vacina contra a covid-19 num hospital ou quando celebrou os seus 90 anos em Outubro.

Entretanto, o Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, considera uma “grande perda” a morte Tutu, classificando-o como um “humano extraordinário” que dedicou a vida para lutar contra o apartheid.

“Quero endereçar os meus sinceros pêsames ao povo, governo sul-africano e em particular ao meu homólogo e irmão, Presidente [Cyril] Ramaphosa, assim como ao povo africano, por esta grande perda para África Austral e para toda África em geral”, disse, domingo, Filipe Nyusi, na sua página da rede social Facebook.

Para Nyusi, morreu um “defensor dos direitos dos oprimidos”, que se dedicou à reconciliação entre os sul-africanos, “mostrando a necessidade de união e construção de uma nação baseada na diversidade”.

Desmond Tutu ganhou notoriedade durante as piores horas do regime racista na África do Sul, quando organizava marchas pacíficas contra a segregação, enquanto sacerdote, pedindo sanções internacionais contra o regime branco em Pretória.

Com o advento da democracia, 10 anos depois, o homem que deu à África do Sul o nome de “nação arco-íris” presidiu à Comissão de Verdade e Reconciliação criada com o objectivo de virar a página sobre o ódio racial, mas as suas esperanças foram rapidamente frustradas. A maioria negra adquiriu o direito de voto, mas continua em grande parte pobre.

Depois do combate ao apartheid, Tutu empenhou-se na reconciliação do seu país e na defesa dos direitos humanos.

Contra a hierarquia da igreja anglicana, defendeu os homossexuais e o direito ao aborto, tendo nos últimos anos aberto como nova frente de combate o direito ao suicídio assistido.

Tutu criticou também os excessos do Governo do seu partido, o Congresso Nacional Africano (ANC), nomeadamente os erros do ex-presidente Thabo Mbeki na luta contra a sida, e nem o seu amigo Nelson Mandela escapou às suas críticas.

Em 2013 prometeu não votar mais no partido que triunfou sobre o apartheid novamente.

Desmond Tutu, nascido numa pequena cidade mineira a sudoeste de Joanesburgo, sofreu de poliomielite em criança, quis ser médico, mas desistiu por falta de meios e acabou por ser professor, tendo-se demitido para protestar contra a educação inferior reservada aos negros.

Acabou por entrar no seminário e foi ordenado sacerdote aos 30 anos.

Estudou e ensinou no Reino Unido e no Lesoto, estabelecendo-se em Joanesburgo em 1975, antes de ser nomeado arcebispo da Cidade do Cabo e chefe da comunidade anglicana no seu país.

Casou em 1955 com Leah, com quem teve quatro filhos.

Apesar do cancro da próstata diagnosticado em 1997 e de vários internamentos em hospitais, só muito gradualmente se retirou da vida pública, defendendo até ao fim o sonho de uma África do Sul multirracial e igualitária. (Funeral do arcebispo)

Redactor

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