Redução de danos de tabaco

Redução de danos de tabaco – Quem assim o diz é Clive Bates, director da Counterfactual Consulting, que falava na Cimeira contra o fumo que, este ano, decorreu de forma virtual, a partir do Reino Unido. O especialista foi convidado para apontar saídas perante a batalha na transição para alternativas de baixo risco ao tabagismo.

Bates foi desafiado a dizer ao mundo se estamos prestes a desperdiçar a oportunidade de evitar milhões de mortes prematuras e casos de doenças por meio de uma recusa dogmática de abraçar a inovação e a redução de danos, ou se os fundamentos de risco acabarão prevalecendo nessa batalha épica em prol da saúde pública.

Num painel intitulado “as novas guerras do tabaco”, Bates dividiu a sua apresentação em diversas partes. Primeiro falou da ciência. Aqui, disse notar o que chamou de “busca desesperada” por danos, por parte da indústria de controlo do tabaco, porquanto sem danos não há razão para o controlo.

Mas essa busca desesperada, observou, levou a exageros nos estudos, com destaque para o estabelecimento de correlação e causalidade, que disse constituírem o grande problema.

Deu exemplo de “alguém” que encontrou uma associação de casualidade entre fumar cigarros electrónicos e fractura óssea. Mas as limitações desse estudo incluem não saber quando a fractura ocorreu. “Eles não sabiam se as pessoas começaram a fumar cigarros electrónicos antes ou depois das fracturas”, disse Bates.

Por outro lado, deu acento tónico ao que chamou de “risco de comunicação”, lamentando a propagação de informações falsas, incluindo insinuações de que cigarros electrónicos são mais prejudiciais que cigarros combustíveis.

Aqui, dentre vários exemplos que apresentou, referiu-se às afirmações de que a nicotina é como um veneno cerebral, o que, segundo o especialista, não constitui verdade.

Clive Bates fala mesmo de campanhas deliberadas que resultam na confusão do público e na criação do pânico.

No que diz respeito à elaboração de políticas, o especialista falou da proibição, mas diz que ela não funciona. Deu exemplo da concessão de prémios a países que proibirem a fumaça de cigarros electrónicos, mesmo assim sem resultados positivos.

Aliás, o exemplo do Butão (com o tabaco) mostra que a proibição também leva os jovens a se envolverem no abastecimento criminoso dos produtos.

Sobre a proibição de sabores, precisou que o resultado pretendido é a abstinência de nicotina, mas existem milhares de outras opções diferentes, que incluem mercado ilícito e misturas caseiras. A fonte fez saber que o exemplo de São Francisco mostra que a proibição de sabores leva a um aumento nas taxas de fumo.

Sobre a tributação, Clive Bates citou o cientista Michael Pesko, que apontou que um imposto federal sobre cigarros electrónicos levaria a um aumento de meio milhão de jovens fumantes e que, para cada cápsula de cigarro electrónico eliminada, mais de 5,5 maços de cigarros serão vendidos.

“Quem poderia pensar que foi uma vitória?” questionou.

Acabar com o tabagismo juvenil

Por outro lado, falou do que chamou de “pânico moral” em relação às crianças, mas lembrou que ninguém cancelou a epidemia de tabagismo juvenil.

“Essas são crianças que poderiam ter fumado, mas ninguém parece se importar com isso”, criticou.

De acordo com Clive Bates, o controlo do tabagismo é dividido em grupos diferentes, com objetivos múltiplos, como reduzir os danos, destruir a indústria do tabaco, opor-se à nicotina por razões morais, e assim por diante. Quando esses grupos foram confrontados apenas com o tabagismo, seus objectivos pareceram alinhados. Mas quando surgiram alternativas mais seguras, os objectivos subjacentes tornaram-se claros e o grupo de controlo do tabaco se fragmentou em grupos, levando a uma guerra interna.

Bates apresentou as razões para oposição e para optimismo.

Na oposição, são duas principais razões. A primeira é o carácter coercivo e punitivo por detrás do controlo do tabaco, que inclui restrições e estigma. A segunda é a inércia institucional.

Nas razões para optimismo, anotou que a nicotina é popular e houve uma grande inovação na forma como é usada. “Tal como acontece com outras novas tecnologias, está trazendo um grande benefício para os consumidores”.

Mas Clive Bates observa que a nova tecnologia é, frequentemente, recebida com difamação e oposição. Mas acredita no seu sucesso. “No final, o benefício subjacente dessas tecnologias prevalecerá, e todo o ruído e vitríolo subjacentes desaparecerão”, afirmou.

Durante a sua intervenção, chegou a fazer comparação com a evolução tecnológica de viaturas à base de combustível para viaturas electrónicas, a evolução do sector energético de energias fósseis para renováveis, e a tecnologia de transição nas músicas, desde o analógico até à actual era em que as músicas se encontram na nuvem.

“Estes avanços tecnológicos sempre trouxeram benefícios e houve rápida [substituição] da tecnologia que veio antes e penso que é isto que vai acontecer com o tabaco. Temos agora produtos com grandes vantagens para usuários, comparativamente ao que veio antes”, disse Bates, que não tem dúvidas de que os cigarros e demais produtos combustíveis ficarão obsoletos, ainda mais quando quem se sente ameaçado com estas tecnologias não são os consumidores, nem o público. (Redução de danos de tabaco)

PMI

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