Há desvio de fundos?

É inquietante o número de infra-estruturas erguidas, em que a maioria não corresponde ao valor alegadamente investido, e algumas com uma qualidade que deixa a desejar. Acredito que qualquer um alguma vez tenha se questionado se, de facto, a tal infra-estrutura inaugurada por dignitários do Governo equivale ao valor investido. Muitas vezes não nos é dada a resposta porque as acções dos nossos governantes, grosso, carecem de transparência, e dão-nos a entender que antes enchem os seus bolsos e as sobras lançam para nós, “povo”, mas esquecem-se que também fazem parte dele.

A título ilustrativo: um caso polémico de 2021, em Dondo, na província de Sofala, onde foi inaugurado por representante da autarquia um alpendre com apenas 10 bancas e o respectivo balneário, que oficialmente custou aos cofres do Estado cerca de 1.800.000,00 meticais.

E, na cidade de Maputo, concretamente no bairro de Magoanine, a Praça da Juventude foi também inaugurada pelo Conselho Municipal, um empreendimento que oficialmente custou mais de 10 milhões de meticais. Questiona-se se a mesma realmente equivale a esse investimento.

E quem dera que no dinheiro sobrado tivessem melhorado o troço da Av. Julius Nherere que vai de Magoanine até a Praça dos Combatentes, que está super-esburacado e sempre tem influências negativas em dias chuvosos.

E ainda o investimento de cerca de 13 milhões para a construção de uma infra-estrutura do INSS, “o edifício do posto de atendimento de Moma”, que deixou a sociedade sem saber se a dimensão dessa infra-estrutura equivale mesmo a um gasto de 13 milhões.

São várias infra-estruturas, investimentos que deixam a desejar, em que não se sabe se realmente não houve desvio de fundos.

Lembro-me do desvio de fundos detectado por uma auditoria orçado em mais de 24 milhões de euros desembolsados para a prevenção e mitigação da pandemia da covid-19 em 2021. E vários casos que envolvem o desvio de fundos, que até hoje não têm uma solução plausível.

O desvio de fundos é uma realidade e o nosso país carece de transparência suficiente para a resolução e punição dos envolvidos.

E o mesmo colocou em risco fiscal empresas públicas nacionais como a LAM, Petromoc, ADM e outras aqui não citadas que correm riscos sérios fiscais porque antes alguém pensou em si e no seu bolso, e não no povo.

NOÉMIA MENDES

Este artigo foi publicado em primeira-mão na versão PDF do jornal Redactor, na sua edição de 27 de Fevereiro de 2024, na rubrica de opinião denominada Geração 2000

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