Quem maltratou Salema?

Uma vez mais, e de forma impune em plena cidade alta e numa zona nobre, os agentes do crime encomendado sequestraram e maltrataram o colega Ericino de Salema, que se tem notabilizado em defesa do bem público no programa “Pontos de Vista” que passa aos domingos na STV.

Não é a primeira vez que este tipo de acções repugnantes e nojentas é presenteado aos moçambicanos, mesmo depois de Filipe Nyusi ter prometido a 15 de Janeiro, sob juramento, que “O combate à criminalidade, em particular o crime organizado, será implacável de modo a que todo e qualquer cidadão, moçambicano ou estrangeiro, se sinta tranquilo e protegido”.

Desde então e em outras primaveras pelas quais passaram os seus antecessores, o rosário de crimes continua a crescer e não há quem se possa sentir “tranquilo e protegido”. É  a capitulação do Estado!!!

E a lista das vítimas desde tipo de crimes é assustadoramente grande. Jeremias Pondeca, membro do Conselho do Estado e antigo deputado da Assembleia da República pela Renamo, foi assassinado em plena luz do dia e até hoje não há esclarecimentos.

Da Renamo também foi raptado em plena luz do dia, na sua residência na cidade de Chimoio, Manuel Francisco Lole  e desde o seu desparecimento não se conhece o seu paradeiro e há fortes suspeitas de que a vítima terá sido posteriormente assassinada.

Em Abril de 2016, foi assassinado juntamente com dois acompanhantes o quadro sénior da Renamo e membro do Conselho de Segurança do Estado, José Manuel, à saída do Aeroporto Internacional da Beira.

Em plena luz do dia, na cidade da Beira, o secretário-geral da Renamo e deputado da Assembleia da República, Manuel Bissopo, foi alvejado a tiro tendo escapado à morte, mas nessa ocasião o seu guarda-costas que foi igualmente atingido na mesma viatura acabou perdendo a vida no local.

O próprio líder da oposição moçambicana, Afonso Dhlakama, escapou, num intervalo de nove dias, a duas flagrantes tentativas de assassinato e nenhum dos seus autores já foi identificado.

O académico José Jaime Macuane foi igualmente raptado e baleado, depois abandonado. Até hoje não há esclarecimentos sobre este crime.

Há três anos foram assassinados o académico e constitucionalista Gilles Cistac e o jornalista Paulo Machava, em plena luz do dia, em Maputo.

O que é estranho em todos esses casos é que os seus autores não são encontrados e a alegação das autoridades tem sido a mesma: “Estamos a investigar”.

Quando as vítimas de assassinatos são membros da Frelimo, partido no poder, as autoridades atribuem a responsabilidade aos homens armados da Renamo, como aconteceu em Nhampoca, distrito de Nhamatanda, província de Sofala, com o rapto e assassinato do chefe do posto de Tica.

O jornalista, jurista e activista Ericino de Salema tem estado apenas a dizer aquilo que todo o mundo sabe, mas que não tem coragem ou espaço para o dizer. Os motores que Florindo faz roncar na cidade, sem chapas de matrícula, aguçam a curiosidade de qualquer transeunte… e não só e apenas a Salema!

Com todos estes cenários e já que perguntar não ofende: “Camarada” Nyusi, quem maltratou Ericino de Salema?

LUÍS NHACHOTE

Este artigo foi publicado em primeira mão na versão PDF do jornal Correio da manhã, edição de 29 de Março de 2018, na rubrica semanal DO LADO DA EVIDÊNCIA

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