Os pecados da FRELIMO

Quem já assistiu ao filme “O crime do padre Amaro” consegue prever os pecados e o fim da Frelimo. Qualquer organização deve ser criada com um objectivo em mente e, sem isso, não se vai longe.

Para começar, a FRELIMO não devia ser chamada de partido político, pois ela nasce com o objectivo de libertar a terra e o povo moçambicano, desgarrar as garras dos opressores. Os moçambicanos foram chamados para fazerem parte do movimento e responderam com eficiência e determinação, o que foi feito. Após o alcance da meta, do objectivo, a FRELIMO teria de estar num museu para consulta pública da história e do orgulho de um povo guerreiro e focado.

O povo levantou a bandeira e trouxe a reflexão sobre a sua terra, mas, em meio a isso, um grupo de gananciosos e colonos pretos abocanhou o país, lesou, surrupiou, usurpou e, sobretudo, trouxe dor e sofrimento ao povo, aquele que outrora lutara pelo bem do seu país. Os brancos foram-se, mas deixaram a sua ideologia implantada. Até porque a colonização foi um sistema e, em Moçambique, esse sistema não foi erradicado, entretanto, copiado e de forma selvagem.

Os pecados da FRELIMO são vários, um deles é obrigar os funcionários públicos a pertencerem às fileiras contra a sua própria vontade. Implantar células nas instituições públicas, ou seja, partidarizar as instituições públicas e coagir os dirigentes a se tornarem membros. Na mente do colono-preto, a FRELIMO deve mandar em tudo e sobre todos. Foi até o próprio Samora que disse: “o governo deve servir ao partido” e esta teoria hoje está a ser validada e é por isso que nos distritos o primeiro-secretário da FRELIMO é mais importante que o administrador e ele dita o que o administrador deve ou não fazer. Isso é uma política selvagem e mecanismo de castração do desenvolvimento do país.

Enquanto o padre Amaro engravida a sua catequista, a FRELIMO despreza o seu povo confiando na coerção. Enquanto Amaro procura médicos para abortar a gravidez com a ajuda de uma velha feiticeira, a FRELIMO usa as instituições públicas para se manter no poder. Enquanto o padre Amaro rompe o seu pacto se metendo com mulheres, a FRELIMO desvirtua os seus objectivos de ser um partido de massas e democrático.

Enquanto o bispo dá confiança ao jovem padre sem saber do seu caráter, a FRELIMO teve por muito e longos anos confiança do povo, porém, não soube aproveitar e pensou que o povo não mudasse de ideia. Os pecados da FRELIMO são muitos e cabe à própria organização mudar de estratégia e, primeiro: pedir desculpas publicamente ao povo pelo caos imposto. Segundo, conformar-se com a decisão popular e respeitá-la, sobretudo na escolha durante o processo eleitoral. Terceiro, jurar nunca mais usar as instituições do Estado em seu benefício. Quarto, abandonar a demagogia e chamar à razão para resolver os problemas do povo. Quinto, aprender a conviver com a diferença e saber que democracia é alternância política e se não houver quem os ensine, que corra para as universidades para buscar ensinamento, pois o aprendizado não tem idade.

Se a FRELIMO se valer do veteranismo, tem apenas poucos dias e poucos meses e o que sucederá então? Começarão perseguições internamente e muitas mortes surgirão porque a violência será tamanha. Ao perder as autarquias de Maputo e Matola, onde tem as “boladas” da FRELIMO, desencadeará um processo de medo por parte deles pelos pecados que de lá deixaram. Veremos transferências de contas da autarquia para as contas do partido e isso causa-lhes medo. Empreenderão fuga para outros países como forma de se livrar. Esvaziarão os cofres e sabotarão a governação dos outros para incapacitá-los.

Haverá e veremos um filme aqui. Estaremos a vê-los em miniatura, como se diz: “O último a rir ri melhor. E o povo é o último a rir nesse cenário. O outro pecado da FRELIMO é colocar-se no auge como se não houvesse outro que governa melhor. Todo aquele que se apresenta como é não é e nunca foi. Quem é não precisa provar a ninguém do que é. A lei do terceiro excluído ensina-nos muito.

Há também um aforismo popular segundo o qual: “Tambor vazio toca muito. E vemo-los gritando e se exibindo como os únicos e imbatíveis, ou seja, nunca foram alguma coisa. Enquanto outros padres se aliavam a bandidos no filme “O crime do padre Amaro”, a FRELIMO produz bandidos dentro do sistema para defraudar os sonhos dos moçambicanos. Enquanto no filme o bispo cobrava até o sepultamento de um cachorro, a FRELIMO vende vagas de emprego numa autêntica demonstração do comportamento de gatunagem.

Enquanto no filme a casa de Deus servia de prostíbulo velado, a FRELIMO retarda o progresso do país e desencoraja os moçambicanos a elevarem o seu país. Enquanto a FRELIMO continuar não ouvindo os alertas externos, ao cair, nunca mais se levantará e os membros que entraram por coação abandonarão o partido para nunca mais regressarem, é assim que os regimes terminam ou escorraçados ou entre eles se eliminam.

Deixar o povo no sofrimento, sem comida, água, energia, saúde, educação, transporte é um pecado horrível e que opõe à vergonha pública. Ou por outra, é um opróbrio.

JÚNIOR RAFAEL

Este artigo foi publicado em primeira-mão na versão PDF do jornal Redactor, na sua edição de 26 de Outubro de 2023, na rubrica de opinião.

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